Carta 2 - “Falavam que eu tenho sorte. Eu disse-lhes que eu tenho audácia”.

 


Carta: “Falavam que eu tenho sorte. Eu disse-lhes que eu tenho audácia”.

 

Querida Carolina Maria de Jesus, espero que esta carta chega para você num momento que esteja bem e feliz!

Meu nome é Soler Gonzalez. Sou professor de Geografia. Comecei a lecionar em 1992. Lá se vão 31 anos no magistério. Comecei lecionando em escolas públicas e atualmente sou professor da Universidade Federal do Espírito Santo, a Ufes. Estou muito feliz em escrever essa carta...escreverei outras.

Queria muito te escrever para dizer o quanto você e suas obras têm sido fundamentais para mim. Principalmente para que eu possa repensar minhas andarilhagens com as pesquisas em Educação Ambiental. Tudo começou em 2018, quando conheci seu diário revolucionário.

Bom, então vamos lá! 

Quero começar contando uma história que tem a ver com a repercussão do seu diário nos dias de hoje, principalmente entre as jovens estudantes e pesquisadoras. Depois volto a falar dessas andarilhagens com a Educação Ambiental e o ensino de Geografia. Em 2003, no dia 09 de janeiro, no início do primeiro mandato do presidente Lula foi sancionada a Lei 10.639/03, que alterou a LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, incluindo no currículo oficial das redes de ensino, a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Essa lei se deve principalmente pela luta histórica, na qual você também militou, do Movimento Negro Unificado. É uma luta que vêm de longe e que agora se concretizou em lei.

Em 2008, Carolina, outra lei foi sancionada e trouxe impactos importantes na formação do povo brasileiro. A lei 11.645/08 alterou a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

Essas duas leis, Carolina, impulsionaram a produção de materiais didáticos, publicação de livros, formações de professores, a implementação e oferta da disciplina Educação das Relações Étnico-Raciais nos cursos de graduação. Em alguns casos essa disciplina já é obrigatória nos cursos de formação de professores e professoras. Na verdade, penso que essa disciplina deveria ser obrigatória a todos professores e professoras que adentram na universidade.

Assim como essas leis, a política de cotas para pretos, pardos e indígenas, pessoas com deficiência e as cotas sociais, foram fundamentais para mudar o contexto social de quem adentra nas universidades, e das próprias universidades, fortemente marcadas por bases eurocêntricas e colonizadoras, tanto no âmbito da produção de conhecimentos quanto nas relações cotidianas.

Foi nesse contexto que repensamos nosso lugar enquanto líder de um grupo de pesquisa em Educação Ambiental, professor dos cursos de Geografia-Licenciatura, Pedagogia e do Mestrado Profissional em Educação, trazendo para as aulas, orientações e pesquisas, outras ecologias, outras geografias, geografias negras, indígenas, anti-coloniais, antirracistas e como prática de liberdade. Nesse mesmo propósito, repensamos também, Carolina, o grupo de pesquisa que coordeno na universidade, criando uma linha de pesquisa Educação ambiental e educação das relações étnico-raciais.

Por isso, gostaria de firmar um ponto aqui.

Atualmente, Carolina, no Brasil, existem muitos grupos de pesquisas que se dedicam a realizarem pesquisas na área da Educação Ambiental. É um campo de conhecimento recente e que foi fortemente influenciado pelos movimentos sociais, principalmente pelo movimento ambientalista na década de 1970. Mas isso é outro papo que vou pular aqui. O que eu gostaria de destacar, e com certo pesar, é que atualmente temos registrados no Diretório de Grupos de Pesquisas do Cnpq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) 234 Grupos de Pesquisas na área da Educação Ambiental.

Desse montante todo, mais da metade estão nas Universidades do Sudeste, que são consideradas grandes centros de excelência em pesquisas. Só que, apenas 1 grupo de pesquisa,

dentre os 234 grupos cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPQ, na área da Educação, que têm registrado tanto em seus objetivos, ou em suas linhas de pesquisas, ou em suas palavras-chave, os descritores, “educação ambiental” e “Educação das Relações Étnico-Raciais”. Esse único grupo de pesquisa é justamente o que eu coordeno desde 2014, intitulado, Território de aprendizagens autopoiéticas.

            O grupo de pesquisa GEASur, Grupo de Estudos em Educação Ambiental desde el sur, criado em 2013, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a Unirio, e o grupo que coordeno, são os 2 únicos do Brasil que são cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPQ, na área da Educação e que têm registrado, tanto em seus objetivos, ou em suas linhas de pesquisas, ou em suas palavras-chave, os descritores, “educação ambiental” e “racismo ambiental”.

            É também por isso, Carolina, o meu desejo de contar para você o que estamos vivendo e como você se tornou uma grande referência intelectual para várias áreas do conhecimento. Inicio agradecendo por ter existido e nos deixado um legado importantíssimo para a literatura negra brasileira. Legado esse que estamos trazendo para pensarmos nas problemáticas ecológicas e que estão diretamente associadas, conforme nossas pesquisas, com os processos de colonização, de escravidão e com as marcas opressoras e excludentes da colonialidade presentes no racismo estrutural, institucional, cotidiano e ambiental. Tem um pensador e escritor e intelectual indígena, o Ailton Krenak (depois comento mais sobre ele), que nos ensina em seus escritos que precisamos “suspender o céu” e “adiar o fim do mundo”. E com outras ecologias cotidianas, comunitárias, antirracistas, anticoloniais e como prática de liberdade.

Carolina, os tempos de agora são diferentes de outrora. O acesso e o conhecimento do legado de tantas escritoras e escritores e intelectuais negras, negros e indígenas, circulam entre os estudantes, professores, professoras. Muitos livros estão nas bibliotecas da cidade, dos shopping centers, nas bibliotecas escolares e de universidades. São referências para inúmeros estudos e pesquisas.

Quer ver um exemplo disso que estou dizendo? Foi num belo dia de verão, sol à pino, início do ano. Estávamos numa praia e avistei uma jovem, reunida com seus familiares um pouco distante de onde nós estávamos, e ela estava lendo um livro. Reconheci que era o Quarto de Despejo pois a capa era a mesma da que nós temos aqui em casa. Foi uma grata surpresa ver uma jovem lendo seu diário.

Fiquei tão surpreso que na hora não reparei que a jovem foi minha aluna no ensino fundamental, e que o pai dela, que estava com o rosto atrás do guarda-sol, é um colega de trabalho. Atualmente ela faz o curso de Arquitetura e seu diário tem sido uma grande inspiração. Carolina, ela deseja atuar com projetos de moradia populares pensando no saneamento básico, esgoto e na sustentabilidade em periferias urbanas.

Te digo com muita alegria que várias são as áreas de conhecimento que reconhecem a relevância do diário revolucionário que você escreveu em 1958, quando estava residindo na favela do Canindé, em São Paulo. O seu diário tem sido estudado por pesquisadores e pesquisadoras de diferentes áreas, Assistentes sociais, Arquitetos e Urbanistas, Geógrafos, Sociólogos, Historiadores, Médicos, Engenheiros e Técnicos sanitaristas, Psicólogos, Antropólogos, pesquisadores da área da Literatura, Poesia, Teatro, Música, da Educação das Relações étnico-raciais, Artistas...a lista é grande de interessados por sua vida e obra.

Nosso grupo de pesquisa está nessa seleta lista. Desde 2017, como te disse, criamos uma linha de pesquisa intitulada Educação Ambiental e Educação das Relações étnico-raciais, de modo que sua obra é uma grande referência para nossas pesquisas, ações de extensão e em práticas pedagógicas.

Outro exemplo, de como sua obra e de outras pesquisadoras e intelectuais negras tem sido difunda, aconteceu em 2020 quando vivíamos um terrível e triste momento, que foi o da pandemia da covid-19. Naquele momento nosso grupo de estudos e pesquisas intitulado Território de aprendizagens autopoiéticas, organizou um pequeno evento que aconteceu nas quartas-feiras do mês de agosto, para rememorarmos os 60 anos do lançamento do seu diário revolucionário. Usamos as redes sociais (que na sua época não existia), para transmitirmos os encontros gravados. Surgia desse evento o I Ecologias insubmissas.

De lá para cá realizamos o II e o III Ecologias insubmissas, trazendo como aporte outras intelectuais contemporâneas como por exemplo, bell hooks, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro, Cida Bento, Lélia Gonzalez, Grada Kilomba, Kiusam de Oliveira, etc. No final desse ano pretendemos realizar o IV Ecologias insubmissas e você está mais do que convidada e com presença confirmada (Rsrsrsrs).

Na quarta-feira do dia 19 de agosto de 2020, exatamente 60 anos após o lançamento do seu diário, a temática do encontro foi “Quarto de despejo e racismo ambiental e pandemia e resistências e...”  Participaram da conversa a professora pesquisadora Andreia Teixeira Ramos e o pesquisador Victor de Jesus. Conversamos sobre o racismo ambiental e as ecologias insubmissas e de resistências cotidianas presentes no seu diário, assim como aspectos que nos colocam diante da necessidade de pensarmos as questões ambientais atuais relacionando-as com as intersecções de raça e gênero.

Para embalar nossa conversa trouxemos como inspiração a literatura da escritora mineira Conceição Evaristo e do pensador indígena Ailton Krenak. Ambos nos ajudaram a pensar, juntamente com você, Carolina, em suspendermos os céus, em lançarmos paraquedas coloridos como nos ensina o Krenak. A pensarmos também nas ecologias insubmissas e em outras ecologias e práticas de resistência e re-existência na vida cotidiana da população negra, indígena e periférica de nosso país, em tempos de pandemia (e de pandemônio). Te explico essa parada de pandemônio em outra carta.

Em 2020, a professora e pesquisadora do nosso grupo de pesquisa Andreia Teixeira Ramos, abordou essas questões através de um trabalho que ela apresentou, intitulado, “Pesquisa narrativa em diálogo com outras ecologias”, na reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped).

Nesse trabalho, Carolina, é abordado o potencial metodológico das cartas pedagógicas. A autora narra suas escrevivências, inspirada, na sua obra e nas obras de Conceição Evaristo, Paulo Freire e Ailton Krenak. Ela escreve uma carta endereçada a você, Carolina, escrita em 30 de abril de 2020, para abordar as outras ecologias cotidianas presentes em trechos poéticos do seu diário, e que a pesquisadora considera como uma escrita autobiográfica, de resistência e revolucionária.

Em um trecho dessa carta endereçada à você, ela conta como as periferias, os quartos de despejo de nossas cidades, em pleno período de pandemia, têm enfrentado e resistido ao abandono e descaso dos governantes com coragem, amor, esperança, afeto e solidariedade.

Carolina, estou te contando sobre esse trabalho para que perceba como seu diário é grandioso, um best-seller do Brasil. A edição que temos do diário é de 2014, da Editora Ática e com ilustrações de Vinicius Rossignol Felipe. Na parte da apresentação do livro a editora ressalta que o texto escrito é a perspectiva do cotidiano de uma favela, escrito por alguém que viveu nela. Eu complementaria enaltecendo a sua intelectualidade, a escrita revolucionária e de denúncia à desumanização, desgentificação dos favelados e o racismo cotidiano e ambiental somado às condições precárias e insalubres. Diria também que é poetiza e que nos deixou um legado literário com escritos que não foram publicados e que precisamos conhecer.

Após o texto da apresentação tem o prefácio, escrito em 1993, adivinha por quem? O Audálio Dantas. Isso mesmo. Segundo o Audálio, vocês se conheceram quando ele foi fazer uma visita a favela do Canindé, onde hoje temos a Marginal Tietê em São Paulo. Chegando lá se conheceram e ele viu que você tinha vários cadernos escritos. Depois ele conta sobre os trechos do diário que foram publicados em jornais locais antes do lançamento do livro em 1960.

Comenta também da edição que fez no texto publicado no livro, da presença da fome como uma personagem ao longo do diário. Ressalta que você disse que quando a fome atinge seu limite, faz com que as coisas do mundo fiquem amarelas, amareladas. Ele relata que seu diário viajou o mundo, traduzido para mais de 13 línguas (agora já são 16 línguas...rsrs). E termina dizendo que o seu diário “não é um livro de ontem, é de hoje. Os quartos de despejo, multiplicados, estão transbordando”.

Após a leitura do diário, lemos o livro, Diário de Bitita. Consta nesse livro-diário, que esse diário eram dois cadernos e que os manuscritos você entregou para uma repórter brasileira. Carolina, pena que você não conheceu o livro que foi editado e publicado em 1982, após a sua morte, primeiramente na França, e com o nome Journal de Bitita.

A edição que temos aqui em casa também é de 2014 e foi publicada pela editora SESI-SP e a Universidade Zumbi dos Palmares. Trata-se de uma edição especial em comemoração ao centenário do seu nascimento. No texto da orelha do livro ressaltam que você, Carolina, é um símbolo de resistência e empoderamento da mulher negra, da literatura brasileira e também, pelo legado de sua produção literária que abarcam livros, romances, poesias, contos, peças de teatro e músicas.

O texto de introdução do exemplar é escrito por um crítico literário, o Uelinton Farias Alves, o Tom Farias, o mesmo que escreveu sua biografia, publicado pela editora Malê em 2018. Li também sua biografia. Na verdade, preciso terminar de ler. Sigo o Tom Farias nas redes sociais. A capa do exemplar que temos sobre sua biografia, é um fundo preto com uma foto sua na qual você está vestida com uma blusa em tom claro e um lenço branco na cabeça, com olhar sereno, seguro e ao mesmo tempo inquieto diante do tempo histórico e da vida cotidiana. Ao lado da sua foto, está escrito em letras amarelas o seu primeiro nome, imitando sua caligrafia. 

O Tom Farias, Carolina, nos presenteia com uma densa biografia de mais de 350 páginas. No final tem várias fotografias de momentos de sua vida. A primeira parte da biografia se inicia com o seu nascimento em Sacramento até o dia em que você e sua mãe foram presas, por você ter sido acusada de fazer feitiçaria, só pelo fato de estar lendo o livro de São Cipriano. Carolina, a Cadeia Pública, local onde ficaram presas, atualmente é a sede do Arquivo Público de Sacramento, tendo como acervo documentos deixados por você e doados pela sua filha Vera Eunice de Jesus Lima.

A segunda parte começa justamente após a prisão e o seu desligamento com a sua mãe, a Dona Cota. Seu biógrafo narra que morar numa cidade como a de Sacramento naquela época, após ter sido presa, mesmo que injustamente, exigia que você saísse da cidade para ter oportunidade de trabalho. Essa parte da biografia se encerra com o seu diário, na favela do Canindé, depois de ter peregrinado por várias cidades e fazendas em busca de trabalho e moradia, chegando na favela já com vários manuscritos e poesias ainda desconhecidos pelo público.

Na terceira parte da biografia são contemplados os acontecimentos e turbulências que você vivenciou como mãe solo na favela do Canindé, o lançamento do livro, a saída da favela para a tão sonhada casa de alvenaria, a repercussão do seu livro no estrangeiro e o final de sua vida. Para nós você está aqui presente. Você é semente.

Carolina, quero lhe dizer que você tem sido cada vez mais lida e conhecida. Fiz um minicurso sobre você e sua obra. Pesquisando, descobri que existem vários grupos de pesquisas pelo Brasil que realizam estudos sobre você e sua obra. No dia 25 de fevereiro de 2021 você recebeu, por unanimidade e aclamação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, o título de Doutora Honoris Causa.

Seu livro Quarto de Despejo já vendeu 3 milhões de cópias e foi traduzido em 16 idiomas. Numa busca que fiz na internet digitando seu nome completo, num dos principais portais de pesquisas, o portal de Periódicos da Capes, apareceram 1.491trabalhos que tem você como assunto principal. Desses trabalhos, 1.349 são de artigos científicos. Ao fazer a mesma busca na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, apareceram 315 trabalhos que tem você como assunto principal.

Nos Estados Unidos, Carolina, as escolas de ensino primário e secundário adotam o seu livro para os estudantes lerem. A Ministra da Cultura Margareth Menezes, lançou recentemente uma iniciativa inédita voltada para a produção literária do país: Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres em 2023.

E veja só, o lançamento foi em Brasília, no Palácio do Planalto, com a presença de autoridades, cidadãos e cidadãs, e da Vera Eunice de Jesus. O investimento é de R$ 2 milhões, voltados para o reconhecimento de trabalhos inéditos escritos por mulheres. É o maior investimento desse tipo na história do Brasil. Carolina, serão selecionadas 40 obras. Ao menos 20% serão de mulheres negras, 10% de mulheres indígenas, 10% de mulheres com deficiência, 5% de mulheres ciganas e 5% de mulheres quilombolas. A comissão julgadora também será totalmente feminina. Isso é uma maravilha.

Outra notícia boa, e que tem a ver com o que você representa, é que a editora Companhia das Letras, relançou seus livros. Isso mesmo. Quanta alegria e ainda bem, já que é difícil encontrar e quando encontramos nos sebos, o preço é o olho da cara. Relançaram o livro Casa de Alvenaria, volume 1 e 2. No volume 1 tem um fragmento da pintura feita com tinta acrílica e óleo sobre tela intitulada, Paisagem, cedida pela artista Lucia Laguna, e que faz parte do acervo do Arquivo Nacional.

Por se tratar de uma reedição especial, no pré-lançamento, o livro vem acompanhado de um pôster com uma daquelas suas fotos, assinando o livro Quarto de Despejo no dia do lançamento. No lado superior esquerdo do pôster uma frase sua, “Falavam que eu tenho sorte. Eu disse-lhes que eu tenho audácia”. Mais do que apropriada a escolha dessa frase. O pôster vem acompanhado de duas figurinhas adesivas com a mesma foto, escrito, #vivacarolina.

O volume 1 é do período que você morou em Osasco. Sendo ele também um diário, ele começa no dia 30 de agosto de 1960, no dia que você se mudou da favela, terminando no dia 20 de dezembro de 1960. Na parte inicial (dos dois volumes) tem um texto escrito pela Vera Eunice e a Conceição Evaristo, intitulado, Outras letras: tramas e sentidos da escrita de Carolina Maria de Jesus, e, logo em seguida elas trazem como epígrafe a frase que consta no belo pôster. No final do livro são apresentadas algumas sugestões de leitura. E, na contra capa tem esse seu escrito:

 

 

 

Tem dia que dou risada

Pensando na confusão de minha

Existência. De lixeira a escritora.

Tenho a impressão que eu era

Ferro, e virei ouro. A minha vida

Metamorfoseou-se

 

O volume 2, no pré-lançamento também vem com pôster e figurinhas e a capa também é um fragmento da mesma pintura. Nesse volume constam os acontecimentos vividos quando morou em Santana, de 24 de dezembro de 1960 a 18 de dezembro de 1963. São praticamente 500 páginas de diário. Na contra capa também tem um escrito seu:

 

 

Estou cansada. Tenho a impressão

Que lutei numa guerra.

Tudo está confuso para mim.

Eu pensava que a vida na casa

De alvenaria ia ser aveludada.

Enganei. É árdua cheia de

Contrastes e confrontos.

Os confrontos com as desilusões

E aborrecimentos

 

Para terminar, Carolina, quero dizer-lhe que essa nova publicação dos seus livros é uma coleção chamada Coleção Cadernos de Carolina. A Vera Eunice e a Conceição Evaristo estão na coordenação dessa coleção. Participam também quatro pesquisadoras renomadas sobre Carolina Maria de Jesus, a Amanda Crispim, a Fernanda Miranda, a Fernanda Felisberto e a Raffaella Fernandez.

E eu sou um daqueles que divulga seus livros com colegas, professores, professoras e estudantes.

Um saudoso abraço.

 


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