Carta 4: Posses das ministras Margareth Menezes, Sônia Guajajara e Anielle Franco.

 


Carta 4: Posses das ministras Margareth Menezes, Sônia Guajajara e Anielle Franco.

 

Carolina, tem mais assunto para te falar. Terminei a carta anterior com uma poesia para a sua flor preferida. Você, mais do que ninguém, sabe que nem tudo são flores. Nem um mar de rosas. Esses primeiros dias do governo Lula tem mexido muito com a gente.

Preciso te contar como ele, junto com a Janja, que está sempre com ele, e toda sua equipe, estão montando os ministérios e os programas sociais para a massa da população que trabalha para sobreviver, e para os que estão na linha e abaixo da linha da pobreza, semelhante a realizada que você viveu com João Carlos, José Carlos e Vera Eunice na favela do Canindé.

Na sua época não tinham programas sociais para a multidão de cidadãos e cidadãs “mutilados”[1]. Essa ideia, Carolina, de “cidadão mutilado” vem do Milton Santos, geógrafo reconhecido internacionalmente e premiado por várias universidades, professor e intelectual negro, que nasceu em 1926 na cidade de Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia e faleceu em 2001. Em um dos seus inúmeros livros ele pergunta “Quantos habitantes, no Brasil, são cidadãos? Quantos nem sequer sabem que não o são?”[2].

Milton Santos nos alerta sobre o que você já disse no seu diário, que de tão revolucionário desencadeou o fim da favela do Canindé. Quero aqui relembrar o que você escreveu no início do seu diário que começa no dia do aniversário da Vera Eunice, dia 15 de julho de 1955: “Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida”.[3]

No dia 19 de maio de 1958 você escreveu que, “os favelados comem quando arranjam o que comer. Todas as famílias que residem na favela tem filhos.”[4] E, logo em seguida você escreve, “Estou começando a perder o interesse pela existência. Começo a revoltar. E a minha revolta é justa”[5]. Muita coisa de hoje se mantém como na sua época, Carolina, e por isso que é importante e emergencial termos programas sociais para garantirmos uma vida cidadã e digna para a população.

Voltando ao nosso diário da vida atual, estamos nos deparando com muitas mudanças anunciadas pelo atual governo, que inclusive tem trabalhado para fazer com que nosso país saia do isolamento internacional que ficamos submetidos nesses últimos anos, contando com o apoio de vários líderes internacionais.

Estamos voltando! Isso mesmo, Carolina, o Brasil estava isolado do restante do mundo e voltou a conversar com os países vizinhos, com a Europa, África, Estados Unidos, Oceania. Uma das razões que justifica essa aproximação, por incrível que pareça Carolina, é o tal de aquecimento global, algo que você não ouviu falar naquela época.

É o nome que a ciência dá para nos referirmos às mudanças de temperatura do planeta por estarmos desmatando e queimando florestas, espalhando indústrias pelas cidades de todo o mundo e poluindo a água, o ar e o solo. A cidade que moro, Vitória, Espírito Santo, é conhecida como capital do pó preto devido a quantidade de poluição que respiramos decorrente das indústrias mineradoras que estão, literalmente, “comendo” o planeta para explorar minerais.

E, o pior, é que os países ricos que racializaram, invadiram, escravizaram e colonizaram populações de outros países, estão enviando seus navios de lixo para esses lugares, fazendo desses países colonizados no passado, seus “quartos de despejos”[6] dos dias atuais.  O clima do planeta está esculhambado mas o astral por aqui no Brasil é esperançoso quanto ao nosso compromisso mundial de liderarmos ações que diminuam o aquecimento global.

Assim como o aquecimento global e a crise ambiental que estamos vivendo, outro acontecimento que teve repercussão internacional foi o do falecimento, no dia 3 de janeiro deste ano, de uma pessoa que você admirava muito e teve a oportunidade de conhecer e de tirar fotos, o Rei Pelé. O Pelé foi Ministro do Esporte e em 1998 deixou o cargo e o ministério foi extinto. Tenho certeza que se estivesse aqui com a gente iria no velório dele, assim como ele esteve presente na livraria Francisco Alves, no centro de São Paulo, no dia do lançamento do seu diário revolucionário, o Quarto de despejo. Aquela foto sua com o Pelé, o Audálio e o ainda jovem Benedito Ruy Barbosa, consta na sua biografia escrita pelo historiador o Tom Farias[7].

E você vai adorar essa notícia...Pelé virou verbete de dicionário...verdade, veja só como aparece o verbete Pelé.

Pe.lé® adj m+f sm+f Que ou aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado a nada ou a ninguém, assim como Pelé®, apelido de Edson Arantes do Nascimento (1940-2023), considerado o maior atleta de todos os tempos; excepcional, incomparável, único. Ele é o pelé do basquete. Ela é a pelé do tênis. Ela é a pelé da dramarturgia brasileira.

 

Mas, gostaria de escrever, nessa carta, sobre outros momentos marcantes e de repercussão internacional, Carolina, que foram as posses de três mulheres como ministras e que você não conheceu.

Carolina, vou começar com a posse da Margareth Menezes, no dia 2 de janeiro, e que simbolizou também o retorno do Ministério da Cultura, extinto no desgoverno anterior, que se empenhou no desmantelamento da cultura, da arte, do cinema, do teatro, da música, da poesia...só que não conseguiu. A historiadora e escritora Lilian Schwartz fez um discurso enaltecendo a cultura, e como ela e os trabalhadores e trabalhadoras da cultura foram intimidados e censurados no desgoverno anterior.

Um dos momentos marcantes do discurso foi quando se referiu a retirada da obraOrixás”, da artista modernista Djanira da Motta e Silva, que também nasceu em 1914, e que talvez você a tenha conhecido. A pintura em óleo sobre tela estava no Salão Nobre do Palácio do Planalto e foi retirada pela ex-primeira-dama, indicando um certo racismo religioso, por ser uma obra que retrata as divindades africanas. A artista Djanira Silva, Carolina, retratava em seus quadros, aspectos da vida cotidiana e de pessoas simples, comuns, a espiritualidade, festas populares, o trabalho.

Em 1957 ela esteve na Bahia e conheceu o escritor Jorge Amado, que já conhecia o trabalho dela, e que a convidou para fazer um mural na casa dele, com o tema Candomblé, levando-a pesquisar e conhecer terreiros de candomblé. Em 1966 ela pintou o quadro “Orixás”, de 3,60 comprimento x 1,12 de altura, retratando cinco figuras ligadas ao Candomblé, com duas Filhas de Santo em cada extremidade e três Orixás no meio, a primeira Iansã, de vermelho, no meio Oxum, de amarelo, e, em seguida de Nanã de roxo. Carolina, por incrível que pareça, a perseguição, o obscurantismo e o racismo religioso que deu origem a decisão da ex-primeira dama, livrou o quadro dos ataques terroristas do fatídico 8 de janeiro, que ainda vou te contar o que aconteceu.

“Nós estamos voltando para casa”. Essa era a frase comum a todos, todos e todes na posse da nossa Ministra da Cultura. A poetiza capixaba Elisa Lucinda foi convida para a cerimônia e declamou uma poesia, mas, antes disso, cumprimentou as celebridades ali presentes e disse, fazendo referência a vitória do Lula nas eleições, “Nós merecíamos esse Brasil. Nós estávamos extemporâneos, que loucura, que loucura...ainda bem que o pesadelo acabou”. Foi emocionante!

Carolina, termos a cantora Margareth Menezes como Ministra da Cultura é representatividade para a cultura brasileira. E como carinhosamente disse a poetisa Elisa Lucinda, “a Margareth é um quilombo. É a Dandara da parada...Quem libertou esse país não foi a princesa Isabel, foram as guerras quilombolas...e é dessa ancestralidade e dessa quilombajem que veio a Margareth Meneses”. E declamou o poema A herança ou o último quilombo. Compartilho com você, Carolina.

 

Devagar, persistente, sem parar,

caminho na estrada ancestral do bom homem.

Herdo sua coragem

Herdo a insistente dignidade daquele que morreu lutando pela liberdade.

Caminho, me esquivo, driblo, esgrimo.

O inimigo é eficiente e ágil

 ninguém me disse que era fácil)

Argumento, penso, faço,

debato no tatame diário.

Retruco, falo, insisto em toda parte no desmantelamento do ultraje

Embora também delicada,

a força da emoção,

esta que nasce do coração

não é frágil!

Sigo firme, ajo.

Por mim não passarão

com facilidade os que ainda

creem na superioridade de uma etnia sobre a outra

Por mim, pelo gume de minha palavra alta e rouca não se sobreporão fascistas, nazistas, racistas, separatistas, qualquer ista, qualquer um que me tente calar, amordaçar a minha boca.

Não mais haverá prisões

Ó grande nave louca

para minha palavra solta.

 

Elisa Lucinda

 

Carolina, após a posse poética e revolucionária pelo aquilombamento no Ministério da Cultura, a recém empossada ministra fez seu discurso, enaltecendo a todas e todos e todes que atuam no campo cultural, dizendo da origem afro-indígena de sua família, nascida na periferia de Salvador, de ser cantora, compositora, artista popular. Disse que o ministério foi extinto porque a cultura incomoda, transforma e é revolucionária.

A outra ministra que foi empossada é a indígena Sônia Guajajara, nascida no Maranhão, na Terra Indígena Araribóia. Ela se tornou a primeira ministra indígena a frente do recém criado Ministério dos Povos Indígenas. A Sônia Guajajara tomou posse junto com outra ministra, a Anille Franco, mulher negra, mãe, nascida no Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, a frente do também recém criado Ministério da Igualdade Racial.

Anielle Franco é também irmã da Marielle Franco, que foi brutalmente assassinada no dia 14 de março de 2018, juntamente com o seu motorista Anderson Gomes, quando era vereadora no Rio de Janeiro. Neste ano se completa 5 anos sem a resposta para a pergunta: Quem mandou matar Marielle Franco?, que foi defensora dos Direitos Humanos e das minorias. A Anielle Franco é também fundadora do Instituto Marielle Franco, que desenvolve projetos com meninas e mulheres negras, periféricas e LGBTQIAP+, além de defender a memória de sua irmã. Anielle Franco já foi indicada como uma das 10 mulheres mais influentes do mundo pela Revista Time, sendo considerada por essa revista como uma das líderes extraordinárias que estão trabalhando para um mundo mais igualitário.

A solenidade começou com a posse da Sônia Guajajara que estava com um vestido longo verde, com um colar indígena e um imenso cocar com penas brancas e coloridas nas pontas. Em seguida tivemos a posse da Anielle Franco que estava vestida com um vestido que parecia ser feito de um tecido africano estampado com tom predominante de azul. Estava com tranças no cabelo. As duas posses foram repletas de simbolismos e ancestralidades que reforçaram a transversalidade na promoção de políticas públicas efetivas para os povos indígenas e afrodescendentes.

Carolina, na posse da Sônia Guajajara e da Anielle Franco teve hino nacional em língua indígena, dança indígena, grupos de religiões de matrizes africanas cantavam, tocavam e dançavam. O Salão Nobre do Palácio do Planalto recebeu diversos povos indígenas e representes de movimentos sociais que historicamente atuam no combate ao racismo estrutural, institucional, cotidiano e ambiental, e de tantas outras formas de violência, opressão e genocídio sobre a população negra, indígena e periférica.

Carolina, como te disse, a tal necropolítica associada a pandemia da Covid-19 foi implacável com a cultura, escancarou o racismo estrutural, institucional, cotidiano e ambiental, o genocídio de povos indígenas, a avanço com as derrubadas e queimadas de florestas. Sendo que as mulheres indígenas e negras são as que sofrem os efeitos mais drásticos dessa necropolítica e dessa crise climática global que estamos vivendo.

Assim como você atualmente Carolina, a Sônia Guajajara é internacionalmente conhecida. Já fez discurso na ONU em defesa do meio ambiente, das florestas. Lembro de uma frase dela que me lembra você, Carolina, “somos mulheres semente, não mulheres somente”.

Ano passado a Sônia Guajajara foi capa da renomada Revista Time, publicada nos Estados Unidos, por entrar na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo. Neste ano essa mesma revista elegeu Anille Franco como uma das 12 mulheres mais influentes em 2023, sendo um reconhecimento por sua luta pelos direitos das minorias e pela promoção da igualdade racial no Brasil.

Foi um dia histórico para nosso país e o mundo. A Célia Xakriabá, primeira deputada federal indígena (e de Minas Gerais como você), fez um lindo e poderoso discurso na posse da Sônia Guajajara. A Célia Xakriabá defendeu a demarcação das Terras Indígenas e Quilombolas e o combate às mudanças climáticas de nosso tempo.

Ela inicia o discurso tocando um chocalho, o maracá, dizendo: “A luta pela mãe terra é a mãe de todas as lutas”.  E disse também que a nossa ministra indígena é água e que com ela, a ancestralidade toma posse. E que com Anille o turbante toma posse. E que o Ministério dos Povos Indígenas “é novo, mas é ancestral, e vem para reflorestar, indigenizar e enegrecer esse espaço”. E complementa, “esse ministério é também um ministério da floresta, da Terra, dos povos indígenas, e que bem poderia ser confundido e chamado de Ministério da Vida”.

E, complementa com as seguintes palavras, Carolina: “A nossa posse aqui hoje, de Anielle Franco, minha amiga e Ministra da Igualdade Social, é um legítimo símbolo dessa resistência secular, preta e indígena, de nosso país”.

Em certo momento em seu discurso, Sônia Guajajara comentou sobre os livros de história e os livros didáticos, denunciando a imagem como os indígenas e os negros são retratados, ora romantizando-os ora demonizando-os. Também comentou: “vivemos no mesmo tempo e espaço, como qualquer um de vocês. Somos contemporâneos desse presente e vamos construir o Brasil do futuro. Por que o futuro é ancestral”.

Como te disse, foi um dia histórico para o Brasil e para o mundo e não tinha como não te contar, ainda mais para você, tão antenada e sacadora dos acontecimentos políticos do país e do mundo. Posso dizer que o dia do lançamento de seu diário revolucionário também foi um acontecimento, que reverbera até os dias atuais e pelo jeito reverberará ainda por muito tempo.

Carolina, na abertura da posse da Anielle Franco a jovem, Camilla Moradia, moradora do complexo de favelas do Alemão, do Rio de Janeiro, proferiu um belíssimo discurso. Você ia amar. Ela começa agradecendo e reverenciando suas ancestrais que a conduziram até aqui. Nesse momento, e em outros também, lembrei de você e das suas memórias escritas no diário de Bitita. De como a Dona Cota e seu avô, o Sócrates Africano, foram importantes em sua vida.

Em seu discurso Anielle Franco saúda o presidente Lula e as celebridades e logo em seguida ressalta o compromisso em reconstruir e avançar com as políticas de promoção da igualdade racial. Anielle Franco disse que vai regar as sementes deixadas por sua irmã, no que diz respeito ao combate à violência com as mulheres negras, LGBTQIAP+ e periféricas das favelas.

Ressaltou que aos pobres e oprimidos foram impostos uma política de morte (a necropolítica), mas, que a escolha foi pela luta pela vida, responsável por trazê-la até o dia 1º de janeiro de 2023, junto com o povo brasileiro que assistiu uma mulher negra, periférica, mãe solo e catadora de recicláveis, subir a rampa do Palácio do Planalto e passar a faixa presidencial para o Lula.

Ressaltou também o combate ao racismo e ao neonazismo que ronda nosso país, e sabemos que não é de agora, vem de longe isso. Terminou o discurso com emoção e com a firmeza e força nas palavras, enaltecendo as resistências e sobrevivências cotidianas e históricas do povo preto, frente ao racismo científico, às políticas eugenistas e de branqueamento, frente ao aniquilamento da população negra e ao combate a desmistificação de narrativas de meritocracia e de democracia racial. Isso me recordou essa sua publicação, Carolina, no jornal Folha da Noite, em 1958.

 

Não digam que eu fui rebotalho,

Que vivia à margem da vida

Digam que eu procurava por trabalho

Mas sempre fui preterida.

 

Digam ao meu povo brasileiro

Que o meu sonho era ser escritora,

Mas eu não tinha dinheiro

Pra pagar uma editora.

 

 

Acredito, Carolina, que esses ministérios terão muitos desafios pela frente, seja na tarefa de refundar o Ministério da Cultura, e, principalmente, na tarefa de enfrentar os desafios históricos em relação a população negra e indígena, incluindo os desafios atuais herdados pela política genocida e pelo negacionismo científico, do desgoverno anterior.

Podemos incluir nessa lista de desafios a urgência de tiramos novamente o país do Mapa da Fome. De tirarmos também, as pessoas não-brancas e racializadas, das estatísticas que os colocam como os mais vulneráveis, de serem a parcela da população onde se concentra o desemprego e o subemprego, os menores salários, sem moradias e sem condições de saúde, educação, alimentação, saneamento básico, onde estão os maiores índices de crimes contra a vida das mulheres; e, sendo os que compõem a maioria esmagadora da população carcerária.

Passados mais de 60 anos de lançamento do seu best-seller, quero te dizer Carolina, que o cenário é diferente, apesar de alguns problemas e desafios se perpetuarem. O cenário é diferente assim como as formas de resistências, re-existências e sobrevivências das populações indígenas, negras e periféricas. Com a pandemia da Covid-19 piorou, muito. Mas, é preciso esperançar. Por isso que fiz questão de te contar um pouco da importância desses ministérios.

Um saudoso abraço.  

 



[1] SANTOS, 2014.

[2] SANTOS, 2014, p. 61.

[3] JESUS, 2014, p. 11.

[4] JESUS, 2014, p. 35.

[5] JESUS, 2014, p. 35.

[6] Para saber mais ver, JESUS, Victor de. Racismo ambiental, navios de lixo e quarto de despejo: a geopolítica neocolonial ambientalmente tóxica do descarte de resíduos nos países “lixeiras do mundo”. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 14, n. Ed. Especi, p. 25-51, jun. 2022. ISSN 2177-2770. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/index.php/site/article/view/1329 . Acesso em: 17 mar. 2023.

[7] FARIAS, Tom. 2018. p. 358.


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